A maritaca que sabia amar

Eu estava de férias, fui viajar com minha família para o Norte do Paraná, casa da minha avó Georgina que mora numa região rural às margens do Rio Paranapanema. O lugar é incrível, uma pintura entre plantações, árvores frutíferas e vida silvestre aos montes. Fomos para ver a família, descansar do trabalho e também da correria na cidade grande.

O que eu não imaginava é que teríamos uma experiência que mudaria totalmente minha vida. Neste artigo vou contar como a Bella, uma maritaca de dois meses, ganhou nossos corações.

Papai e mamãe maritacas fizeram o ninho da pequena no forro da casa da minha avó, e a Bella caiu de um sobrado alto. Meus primos a devolveram para o forro e ela caiu de novo, improvisaram um ninho em uma árvore porque os pais ficaram desesperados, e adivinhem? Ela caiu de novo!

Com medo de que ela se machucasse improvisamos uma caixa e começamos a alimentá-la, os pais desistiram dela dois dias depois e foram cinco dias em contato e cuidando de uma criaturinha doce, que me surpreendeu tanto! Ela interagia conosco, fazia muito coco e xixi em nós, mas já nem ligávamos mais! Inteligente ao extremo, encantadora pela sua beleza e personalidade.

Estava se aproximando o momento de vir embora para São Paulo e o que seria da Bella? Começou a bater o desespero em todos nós e minha esposa Sheila, que é presidente da Ong Patre, entrou em contato com o meio ambiente de Itambaracá, falou com a Dra. Ana Luiza por telefone, numa cidadezinha muito pequena mas com uma responsabilidade ambiental gigante!

A veterinária Dra. Ana Luiza que atendeu de pronto passou o contato da bióloga Renata no Instituto de Pesquisa Vida Selvagem e Meio Ambiente, que nos atendeu de pronto e explicou tudo para nos tranquilizar e para que pudéssemos encaminhar a Bella para uma adaptação e soltura.

Pegamos a estrada por 1h e partimos para IPEVS em Cornélio Procópio, obviamente eu fui chorando o caminho todo… Criamos tanto amor por ela, que a sensação de estar abandonando a pequena bateu forte, mas a nossa consciência de que pássaro feliz voa, de que o habitar natural dela era o melhor e de que jamais devemos engaiolar ou prender nenhum ser vivo, era maior do que tudo (sem contar que levar o pássaro é crime ambiental)!

Quando chegamos no instituto a bióloga nos recebeu com muita gentileza, uma paciência ímpar com nossas perguntas carregadas de preocupação. No local haviam diversos animaizinhos entre aves, tartarugas, cobras, macacos que estávamos no processo para soltura, e eu ainda chorando! rs

Ela pediu para que orientássemos os moradores locais sobre a existência desse órgão e fizemos isso, estou contando essa história para que caso aconteça com você procure os órgãos competentes, não leve pra casa, eles não merecem viver presos.

A Renata é um ser iluminado e nos manda vídeos e fotos da Bella sempre que pedimos, e ela já tem até mais peninhas do que quando deixamos no dia 25/01/2022.

Essa mania do ser humano de querer aprisionar tudo é triste demais. Quem gosta de ver um animalzinho preso bom sujeito não é!

Infelizmente existe uma conduta criminosa e triste de tráfico de animais silvestres, que são criados em cativeiro e não podem simplesmente serem soltos de uma hora pra outra, não sabem se alimentar sozinhos, nem se proteger do clima ou predadores. Se soltos sem os procedimentos corretos morrerão, alguns sempre ficarão em cativeiro por não aprenderem mais como ser livres.
Sempre procure o meio ambiente, se informe e faça o que é certo! Ave em gaiola não canta, lamenta!

A Bella nos ensinou que aves amam tanto quanto cães, gatos e qualquer outro animal. Nos ensinou que ave sorri, que gosta de dormir junto, e que tem personalidade. Já nós ensinamos a Bella que amar é deixar livre, que não há lugar como o nosso lar e o dela é o mais lindo de todos.

Termino esse artigo com os olhos marejados de saudade e amor… convido a todos para conhecerem o trabalho da IPEVS entre em www.ipevs.org.br

Para conhecer a Patre entre em www.patre.com.br

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